Perfil de luta: Tamara de Oliveira
A série “Perfil de Luta” dessa semana conta um pouco da história da líder comunitária que atua pelo direito à cidadania de crianças e adolescentes da região Nordeste de BH.
- Data: 6 de novembro de 2020
- Categoria(s): Destaques
A gente sabe que existem muitas pessoas que estão nos “corres” cotidianos para ajudar ao próximo, para promover e proteger direitos humanos, para tornar esse mundo um pouquinho melhor para as minorias e para os mais vulneráveis, esbanjando empatia e solidariedade. Pessoas que são de luta, que batalham diariamente e que muitas vezes nem são reconhecidas pelo que fazem pelo próximo. É com intuito de contar as histórias dessas pessoas, dar a elas visibilidade e reconhecer a importância de seus trabalhos que criamos a série “Perfil de Luta”. Nessa segunda edição, contamos a história da estudante de serviço social Tamara Oliveira, coordenadora do projeto Pequenos Campeões, que oferece atividades tais como aulas de ballet, jazz e capoeira a crianças e adolescentes de comunidades carentes.
Periferia Viva: Nos conte um pouco sobre o trabalho que você desenvolve no projeto Pequenos Campeões. Como tudo começou?
Tamara: Desde adolescente sempre gostei da área social, comecei a fazer trabalhos voluntários e ações sociais em instituições de acolhimento para crianças e adolescentes e a vontade de ajudar o próximo só aumentava. Eu tinha uma vontade de fazer mais. Nascida e criada na comunidade vila São Sebastião, localizada no bairro Santa Cruz, percebi que as crianças e adolescentes precisavam de alguma ocupação nos horários em que não tivessem na escola.
Periferia Viva: Imagino que você enfrentou muita dificuldade no começo. O que te motivou a continuar?
Tamara: O principal motivo para dar início ao projeto Pequenos Campeões foi perceber que as crianças e adolescentes das comunidades atendidas ficavam vulneráveis a criminalidade e acabavam indo para o mundo do crime. Além de perder conhecidos, às vezes até colegas de escola com idade de 13/14 anos, aumentou ainda mais a minha vontade de fazer a diferença na vida dessas crianças e adolescentes.
Periferia Viva: Como é o seu dia a dia no trabalho coletivo?
Tamara: Atualmente, estamos com as atividades paradas, por não termos um espaço do projeto e usarmos o terraço de uma casa emprestada. É um espaço pequeno e tem a questão da pandemia com a segurança das crianças, dos moradores da casa e dos voluntários. Por isso, estamos parados. Mas eu vejo como a minha obrigação correr atrás das doações e de novos voluntários para dar continuidade ao trabalho.
Periferia Viva: Para que geralmente as pessoas te procuram?
Tamara: Recebo diversos pedidos, desde cestas básicas a pedido de ajuda para conseguir um emprego. O nosso projeto não fica somente focado nas atividades para as crianças e adolescentes, distribuímos também cestas básicas. Em várias comunidades aonde chega o pedido de ajuda tentamos ir até o local atender esse pedido.
Periferia Viva: Você se entende enquanto uma liderança comunitária?
Tamara: Vejo como uma parceira dos moradores da comunidade, onde trabalhos juntos. Muitos dos voluntários são moradores, ou já foram algum dia.
Periferia Viva: Por que você acredita nesse trabalho? Como se tornou uma liderança?
Tamara: Acredito que as crianças e os adolescentes são o futuro e é neles que sempre devemos investir.
Periferia Viva: Como a pandemia afetou o trabalho que você desenvolve?
Tamara: Em vários sentidos, os eventos beneficentes não aconteceram mais, a verba do projeto acabou e as doações também diminuíram, e infelizmente as aulas também foram interrompidas
Periferia Viva: Quais são as perspectivas de futuro para sua luta?
Tamara: O nosso maior objetivo atualmente é conseguir um espaço do projeto, e conseguir alcançar um número ainda maior de adolescentes participantes.
Periferia Viva: Como você se imagina daqui a 5 anos no contexto do coletivo?
Tamara: Tenho fé que teremos um espaço para ser chamado de nosso, e que seremos referência para outros projetos e iniciativas.
Periferia Viva: Quais são seus sonhos para os meninos atendidos pelo projeto?
Tamara: Que se tornem pessoas dignas, que eles jamais venham a “passar “fome e, quem sabe, lá na frente, eles também possam levar nossos ensinamentos e dar continuidade ao nosso trabalho para outras crianças e adolescentes.
Periferia Viva: Qual é a importância do Pequenos Campeões para eles?
Tamara: Acredito que qualquer projeto voltado para crianças e adolescentes que vivem em áreas vulneráveis é de extrema importância para o desenvolvimento deles. O projeto Pequenos Campeões vem com intuito de mostrar que eles podem ir além, que atrás de tanto sofrimento existe um mundo diferente do que eles conhecem, cheio de novidades e coisas boas também. Temos como dever fazer valer o direito dessas crianças ao básico, que é a cultura, lazer e educação.
Acompanhe o projeto Pequenos Campeões
Pelo Instagran
Contato: (31) 98731-5881 – Tamara
Texto produzido por Nathalia Vargens